O silêncio soa como um universo paralelo ao nosso; está ali, aqui, em qualquer mísero espaço entre uma partícula de O2 e um átomo.
Apreciá-lo não precisa de convite, basta fazer algo simples e que todos nós temos homérica dificuldade: Calar-se.
Desaprendemos a simplesmente respirar e ficar quieto ao mesmo tempo; todo mundo clama por uma fala, seja para mostrar seu entendimento, seja para ser participativo ou para se fazer necessário.
É uma era onde todos suplicam serem necessários, porém, sendo cheios de vazio, estranho, não? Falas inúteis justificando o injustificável.
O mundo ta barulhento mesmo, um barulho sem sentido, não tem harmonia, não é sincopado, nem composição lírica tem… Ta longe de ser algo que lembre uma música.
Mas nesse barulho desafinado, e como resultado dessa equação de sons, dá pra ouvir espelhos se partindo e seus cacos criando um repique no chão. Milhares deles, como se fosse uma chuva torrencial de reflexos partidos em pleno solo.
E o que vemos nos dá uma oportunidade única de reforma íntima: Imagens.
Imagens partidas são egos rachados, deixe de lado sua vaidade desnecessária e preste atenção.
Imagens não tem som, mas tem significado! É uma arte tal qual a Capela Sistina de Michelangelo, a Monalisa de Da Vinci, O Grito de Munch…
Mas de todas, eu fico com a de Francisco Goya: “Saturno devorando um filho”. Ela sintetiza o que nós fazemos com a nossa imagem egocentrista e com o silêncio.
Precisamos aprender que muitas vezes vale mais a pena engolir o orgulho em prol do amor do que sofrer por deixá-lo morrer.
Somos todos suicidas indiretos.
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