02agosto 2018

Remanejamentos

Quando surge a ausência à perfeição se mostra onipresente.

Elas andam juntas, dependem mutuamente uma da outra para a sua sobrevivência sentimental.

É um casal de bem com a vida, sem brigas, sem desentendimentos, assim como a “presença” é com a “imperfeição”.

Assim como a abstinência de confiança nos leva a inveja, tudo que não nos faz falta possui um lote pomposo de defeitos.

Temos urgência em modificar as pessoas quando estão ao nosso redor; por vezes somos ponderados e agimos com certo polimento, por vezes perdemos a paciência e criticamos duramente…

Queremos – insistentemente – proteger, cuidar, acolher, mas esquecemos de que todo código genético possui suas manias fixas e que a vida nos dá de presente duas valiosas opções: amor e dor.

Namorar não é possuir, e sim reeducar, ensinar e aprender, pensar e perceber, andar junto e caminhar ao lado.

Bastam horas ou um dia inteiro longe de quem amamos para toda esta cachoeira de críticas se transformarem em águas turvas e calmas, isso por que a saudade enfraquece a teimosia e aniquila qualquer julgamento.

As águas turvas e calmas da saudade dão vazão às lindas e exuberantes imagens que vocês construíram juntos: A foto em frente à TV, o perfume impregnado no lençol, o sorriso dos momentos a dois, as conversas que antecedem o sono…

A saudade é o segundo sentimento mais justo que pudemos inventar; a gente se revigora buscando subterfúgios para enobrecer a razão do primeiro sentimento mais justo que inventaram: o amor.