Cansado de falar a linguagem dos céus, esticou o dedo indicador e pressionou o botão “térreo”. (mais…)
Existe uma fase da vida que a gente deixa de ser aquela silhueta projetada em pessoas para virarmos realidade. É o momento de evitar o sofrimento do calendário, imaginando as razões que te levaram a não estar mais com o passado. (mais…)
Com suas ficções nada científicas, a normalidade não exala cheiro e nem sabor; monta uma lista de afazeres e no dia seguinte ignora a agenda. Brinca de gangorra de dia e a noite sai de scarpin ou de camisa xadrez... É uma displicência natural. (mais…)
- “Este ovo em cima da mesa da cozinha é meu ou é dele?” (mais…)
Meu micro universo novamente possui gavetas vazias aptas por novas roupas. Os porta-retratos iniciaram uma nova dieta (aguardando o prefácio de mais uma nova história). (mais…)
Nas tuas imediações, ela aprova tua mania de limpeza, tua fala invariavelmente mansa, tua pressa em pular da cama na manhã de um sábado. (mais…)
Se para o amor existe uma escola onde poucos atrevem a freqüentar a sala de aula, na amizade existe uma atração imediatista, bem mais curta que um curso de férias aos sábados... Transborda uma vida pequena que afirmo ser pequena em equação com a vastidão do nosso universo. (mais…)
Na solidão prazerosa e barulhenta dos meus movimentos encarcerados dentro da minha casa, eu descubro um novo aposento. (mais…)
Mesmo se isso fosse possível, não precisaríamos de som para ouvir as fotografias, basta olhar as expressões para sorrir simultaneamente com as imagens...
No entanto, a melancolia nos arrebata inexoravelmente e - velozmente - voltamos ao estado amórfico do exercício literalmente palpável de estar ali, de pé, congelado por aquele breve momento.
Eis a diferença crucial entre um sorriso atual e uma fotografia; sempre haverá um esforço contínuo e árduo para preservar o sorriso de hoje e transformá-lo - quem sabe - na perpetuação de uma fotografia. Fotografias; Deuses onipotentes com sua superação incontestável diante da nossa fragilidade e da nossa busca tola em confrontar uma imagem com uma realidade. Não existe este tipo de duelo! A vitória é eminente e por vezes indolente.
Somos o que somos de acordo com as recordações que colecionamos. Nossa vida é uma expansiva coleção de figurinhas cuja infelicidade – para muitos - é simplesmente completar o álbum.Será que é assim mesmo? Vivemos a crescer e só? Mais nada?
Algumas perguntas se silenciam com outras perguntas, só para o tempo passar e outra indagação surgir.
Vida sem foto não é vida. É preciso registrar para depois recordar, é bem mais prático ver do que buscar a memória pela imaginação.
Vivemos de momentos e os momentos sobrevivem pelas imagens. Já tentou contabilizar quantos flashes ofuscaram sua retina ao longo da sua vida? Quantas poses você fez? Quantas vezes você pediu pra repetir a mesma foto porque saiu gorda ou com os olhos fechados?
E as fotos que você rasgou depois do ser supremo (vulgo tempo) reafirmar a sua verdade?
Fotos rasgadas. Fotos arrependidas. Fotos guardadas por vergonha. Fotos exibidas por orgulho. Fotos expostas por neutralidade ou por falta do próprio esquecimento delas. Fotos imunes a inveja e muito bem guardadas dentro do armário... Fotos com segundas intenções.
Fotos que hoje são sentidas sem sentimento algum. Fotos de um passado que nos dá vontade de voltar e de um passado que nos dá conteúdo para aprender e para ensinar...
Fotos, fotos e fotos...
Antítese paradoxal de uma infindável galeria.... Galeria de fotos.