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SAUDADE MAL ESQUECIDA

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    24abril 2024
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    SAUDADE MAL ESQUECIDA

    Quando crianças, nossos pais nos arremessavam para o alto e tínhamos uma sensação indescritível de alçar voo, de agarrar o ar ou mesmo de sentir que naquele momento, nada se desprenderia de nós. Tínhamos uma sensação de perigo envolta de uma certeza plena de que a aterrissagem seria nos braços dele... Com o passar dos anos, nossa massa corpórea já não permitia mais tal “viagem”- em contrapartida - aprendemos com essas doces memórias que o nosso pensamento sobrepuja qualquer ação do tempo (passado, presente e futuro), menos a ação do peso.   O peso chamado saudade que só aumenta a medida em que os anos discorrem na cronologia dos nossos dias, mas ainda assim, é um “peso leve; melhor o peso leve da saudade do que o peso de um arrependimento, de um remorso, de culpa, enfim...   Voltando aquela nostálgica sensação de super-herói, o que quero dizer é que, quando a tua vida subestimar a força da tua existência, quando tudo estiver denso e sem uma visão aparente do caminho, lembre-se da forma que você levitava e sorria escancaradamente quando o seu pai te fazia um super herói. Mudar a paisagem - mesmo que por breves instantes - nos faz acreditar que ainda sim, podemos ter super poderes para mudar o nosso mundo e seguir adiante com as lembranças saudosas e acolhedoras na bagagem.   A ausência apaga as pequenas paixões e fortalece as grandes - François La Rochefoucauld  

    15abril 2024
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    ESPELHOS INVERTIDOS

    O espelho; A perniciosa invenção da vaidade humana em uma escala involutiva desproporcional.   Antes, é bom deixar claro que aos que vislumbram a aparência como fonte de sabedoria e crescimento, este texto não lhes cabe.... por enquanto.   Voltando ao espelho, só em dar uma olhadinha nele já temos uma verdade indefectível: o que você está vendo é transitório!   “O ser humano é um cadáver adiado” – Fernando Pessoa.   Somos perecíveis, passageiros, efêmeros, mas será que temos convicção disso?   Nesse mundo de vaidades nocivas, o espelho, ou o reflexo que ele transmite já não se suporta mais em um mero quarto, espelho ou sala de estar....   As pessoas se perderam de vista para estarem na vista de outras pessoas por meio das câmeras cheias de filtro de um smartphone; a gente se olha mil vezes pra fazer uma selfie, mas será que olhamos além do espelho ou desse artefato que tanto massageia o ego?   Esse mundo editado e de aparências, que te esconde as dores do caminho e que te apontam os atalhos fáceis para o ilusionismo, ou seja, ser o que não se é e que talvez nunca será, faz com que pensemos que o mundo é um imenso devedor, que nos deve algo.   Você acha que o mundo lhe deve algo quando destrata um funcionário porque ele não fez o que você pediu simplesmente porque não sabe ler mentes.   O mundo lhe deve algo quando você acha que está num patamar acima de outros e como tal, você tem o direito de desdenhar e humilhar os mesmos.   O mundo lhe deve algo quando você economiza sorrisos e gentilezas no elevador ou na rua, simplesmente porque você acha que está acima da própria educação e dos bons modos.   O mundo lhe deve algo quando você acha que pode tudo porque acha que é especial ou mais valioso que outro ser humano.   Entretanto, existe uma verdade tão indefectível quanto a primeira verdade que você enxerga ao se deparar com o espelho:   Não importa o quão você acredite na sua competência, nas suas habilidades, na sua inteligência, nas suas qualidades, existe algo tão óbvio quanto o seu prazo de validade aqui na terra:   Sempre haverá alguém mais competente que você, sempre haverá alguém mais habilidoso e inteligente que você, sempre haverá alguém que você irá aprender bem mais do que ensinar.   Não importa o tamanho que você acha que tem, sempre existirá alguém maior que você e todos nós, indubitavelmente, do pó viemos, do pó voltaremos.   ... Logo mais nos transformaremos em um cadáver adiado.

    27fevereiro 2024
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    O DEUS DE SPINOZA

    “Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero que faça é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Quero que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você.   Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que você mesmo construiu e acredita ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso Amor por você.   Pare de me culpar pela sua vida miserável! Eu nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase, alegria. Assim, não me culpe por tudo o que o fizeram crer.   Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro.   Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho?   Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o incomodo, nem o castigo. Eu sou puro Amor.   Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é, se eu o fiz?   Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso? Esqueça qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipulá-lo, para controlá-lo, que só geram culpa em você!   Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! Preste atenção na sua vida, que seu estado de alerta seja seu guia!   Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa.   Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados, nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno.   Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho: Viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada, você terá usufruído da oportunidade que lhe dei.   E, se houver, tenha certeza de que não vou perguntar se você foi comportado ou não. Vou perguntar se você gostou, se se divertiu, do que mais gostou, o que aprendeu.   Pare de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta em você quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar.   Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra você acredita que eu seja? Aborrece-me que me louvem. Cansa-me que me agradeçam. Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. Sente-se olhado, surpreendido? Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar.   Pare de complicar as coisas e repetir como papagaio o que o ensinaram sobre mim! A única certeza é que você está aqui, que está vivo e que este mundo está cheio de maravilhas.   Para que precisa de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procure fora. Não me achará. Procure-me dentro de você. É aí que estou, batendo em você.”

    21fevereiro 2024
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    PIRÂMIDE VS CONSTELAÇÃO

    Eu acho que todo escritor, cronista ou aspirante a tal tem algo em comum: Delírio, fantasia, imaginação, ou seja; Viajar na maionese mesmo.   Hoje eu acordei pensando: Já imaginou colocar no mesmo conceito a Pirâmide de Maslow e a Constelação Familiar? Ambas criadas (claro) por psicólogos: Abrahan Maslow e Bert Hellinger.   Se uma explica a teoria das necessidades humanas dentro de um funcionamento hierárquico (procura no Google que é mais fácil) a outra, por sua vez, busca desvendar questões mal resolvidas entre ancestrais da sua família (procura no Google que é mais fácil parte II).   Mas como entender necessidades sociais, necessidades de segurança e proteção, de autorrealização, controle de emoções, reconhecimento (dentre muito mais) sem depender da resolução dos entraves parentais (de familiares encarnados e desencarnados) que geraram, em torno de centenas de anos, sentimentos variados como rancor, mágoa, desmerecimento, conflitos, abortos, dentre tantos outros?   Agora, vai mais a fundo e pensa: Além desses dois conceitos, o cara ainda pode ser: budista, espírita, praticar o autoconhecimento, fazer meditação, yoga, acreditar em Alien, ser terraplanista...   Cara? Fodeu!   Agora eu entendo como é hard demais chegar a fase adulta! Todo mundo vive um ciclo penoso sobre se perder no caminho da própria vida, se achar e se perder novamente.   E dosar todas essas informações num corpo só?   Se exageramos na organização, criamos uma identidade psicológica metódica.   Se somos sentimentais demais, criamos um tumulto na vida afetiva.   Se somos racionais, criamos uma rigidez e uma inflexibilidade comportamentais.   Como agir com empatia sem ser conformista com tudo?   Como direcionar o ego corretamente?   Como adotar a humildade na humanidade sem ser confundido com humilhação?   Como termos amor-próprio sem a empáfia do excesso de confiança?   Como ser inquieto sem produzir mal-estar e instabilidade mental?   Como afinar nossa visão correta de mundo?   Mas existe uma pergunta mais assustadora que a pergunta acima: Temos tempo para tudo isso?   Eu ando muito cansado, às vezes tenho vontade de ter um interruptor que desliga pensamentos, sinto uma sensação de fraude, de inutilidade, mesmo entendendo que, essencialmente, não sabemos quem somos, o que queremos, muito menos o que fazer para dar direção à nossa existência.   Somos cobrados demais porque cobramos ou cobramos porque somos cobrados demais?   Às vezes eu gostaria de poder voltar para o conforto da ignorância e viver no automático como os outros "normais" mas eu avancei demais para regredir, meu cérebro jamais encolherá uma vez que já se expandiu.   O grande propósito não está em vencer na vida, e sim, vencer a si mesmo.   “O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância.” - Buda                                  

    12fevereiro 2024
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    SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL ASSIM?

    SERÁ QUE É TÃO DIFÍCIL SERMOS FELIZES?   Se você gosta de história e filosofia, provavelmente já ouviu falar da triste punição de Sísifo, o camponês grego traiu os Deuses e foi condenado (eternamente) a empurrar uma gigantesca pedra redonda até o cume de uma montanha, entretanto, quando se alcançava o topo (pelo cansaço e pela gravidade) a pedra rolava morro abaixo e, novamente, ele teria que refazer a árdua tarefa (eternamente).   A possível e grandiosa moral desse mito pode ser refletida em vários prismas:   Serve para mostrar que nos limitando sempre pelas mesmas ideologias, seremos castigados pela nossa teimosia e mesmice.   Serve também para nos alertar sobre os ciclos intermináveis que cultivamos (desnecessariamente) ao longo da vida, o nosso conformismo em aceitar a condenação de seguir uma vida rotineira e repetitiva.   Serve para nos apontar que todo ciclo que não se renova faz parte de uma nociva acomodação pela zona de conforto, onde subir e descer mil vezes a mesma rocha, por mais árdua e dolorosa que seja essa tarefa, já se automatizou dentro de nós e como tal, é melhor conviver com a dor da mesmice do que com a dor da mudança.   Nas relações amorosas, isso transita com mais frequência do que imaginamos e, por vezes, imperceptível devido as raízes que se fincaram no solo fértil do amor.   A semente da omissão traduzida no inconsciente como “deixa pra lá”, “ah, não vou me incomodar mais com isso” ou “cansei de falar” germinam como uma velocidade sorrateira na contribuição da sabotagem amorosa.   É fato dizer que o tempo tranquiliza e amortiza muita coisa, pois ele é superior ao ineditismo! Aquela conexão cósmica do início, aquela compatibilidade absurda de ideias, propósitos e pensamentos, a compatibilidade intelectual, química e física... Tudo isso diminui com o tempo, uma ação totalmente natural e inexorável, não?   A chama diminui, indubitavelmente, mas para ela se apagar, só depende de quem está na relação.   Viemos ao mundo com a obrigação de sermos felizes? Claro que não, mas temos muitas oportunidades para tal.   Será que é tão difícil assim sermos felizes?   A pergunta acima pode ser respondida com outras perguntas.   Por que brigar desnecessariamente? Por que inventar problemas onde não tem? Por que não se preocupar em resolver os seus fantasmas ao invés de ressuscitar o do outro? Por que insistir em mudar o outro ao invés de mudar a si mesmo? Por que repreender ao invés de acolher?   Nota-se que a felicidade depende exclusivamente do que estamos plantando, cultivando e adubando.   Fica o alerta para a compreensão sobre a liberdade e a responsabilidade humana com relação à sua vida, ao seu mundo e aos outros.   "Humanamente não existe um ser que seja feliz sem que o outro também seja". René Descartes                      

    07fevereiro 2024
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    CONVIVÊNCIA COM EDUCAÇÃO É CONIVÊNCIA COM A INSTRUÇÃO?

    Releia o título antes de ler o que vem a seguir.   Complicado?   Faça uma linha do tempo e volte há uns 20 anos, antes éramos mais preocupados com a educação (inclusive nas escolas, não somente a educação vinda de casa), do que com a instrução.   Hoje, escolas, instituições, pais e mestres focam na instrução deixando de lado a preocupação com a educação, o aperfeiçoamento prioritário da formação intelectual (instrução), vindo na frente do processo de desenvolvimento da personalidade (educação).   Em ampla maioria, criticamos tudo e todos atualmente, correto? A política, a sociedade, as pessoas... Até mesmo uma série da Netflix, assistimos para dar o nosso clivo crítico ao invés de aproveitar aquela breve distração, raramente elogiamos primeiro, a crítica sempre ocupa lugar na linha de chegada.   Mas que linha de chegada é essa? Não estamos sendo negligentes com os nossos reais propósitos?   Somos omissos quando o assunto é “enfrentar a si mesmo”, somos descuidados quando a pauta é “pontos de melhoria”.   A falta de prioridade pela educação nos leva aos interesses terrenos e materiais: queremos poder, queremos ser melhores que os stories de quem seguimos, queremos ter o rosto perfeito, o corpo torneado, o guarda-roupa lotado... A gente quer ter tudo que der nessa vida.   A falta de prioridade pela educação nos leva a presunção, arrogância, a verdade absoluta, a reverência do ego... Ahhhhhh, o ego, o super herói protecionista da personalidade, perito em acionar mecanismos de defesa e, nos dias digitais de hoje, ele está mais latente e pulsante que nunca, basta um não ou uma contradição para a discórdia se instalar e o pau quebrar.   Estar ou se achar que está em primeiro lugar, não seria uma falta de educação?   Em linhas gerais, quando você convive com educação você desenvolve elos de aproximação, de junção e de parceria com a instrução.   Ambas dependem uma da outra para criarmos indivíduos e homens integrais, entretanto, neste caso, uma ordem prioritária precisa ser seguida, senão, ficaremos em segundo plano pro resto das nossas existências.   “A educação da alma é a alma da educação” – Andre Luiz

    25junho 2021
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    GÔNDOLAS HUMANAS

    Vivemos em gôndolas, e eu explico!   Na acepção da palavra, todo rótulo está associado a um produto e seria loucura fingir que não se vê isso. Tudo se rotula!   Os rótulos também fazem parte de uma outra manobra:   A justificativa! Fracassei porque fulano não me deu oportunidade, ou porque o mundo é injusto comigo. Ah, o cara se deu bem sem ter metade do meu know all porque tem networking ou teve sorte, bla bla bla...   Oras, por que temos o hábito congênito de evidenciar o caos?   Se o cara tem networking é porque é um sujeito bem relacionado, se tem metade do seu conhecimento e está à frente, não foi por sorte, pode ser que você passou anos debruçado em seu conhecimento sem se inovar.   Aliás, o que é sorte pra você? A habilidade de unir a oportunidade com a competência ou de ver o seu horóscopo todas as manhãs no afã de uma reviravolta do destino?   Uma geração mimimi pode ser velha também, não é exclusividade dos mais novos; tem tanto velho por aí criando expectativa em torno do que podem fazer ou não por ele, tanto trintão, quarentão e cinquentão que não sobe mais na árvore pra pegar fruto do pé porque prefere que a fruta caia no próprio pé por pura comodidade ou medo de cair da árvore   As verdadeiras virtudes fogem dos stories e dos tiktoks da vida, elas vivem no anonimato e geralmente são discretas, mas isso não significa fingimento, aliás, o politicamente correto é uma censura descarada de tudo o que falamos, pensamos, escrevemos... Tem muito indivíduo por aí sendo bonzinho por trás de um teclado e um exuzinho quando toma uma fechada no trânsito.   Fato é que hoje todo mundo quer ser tudo um pouco, e por vezes, no sentido de valorização moral, são nada mais nada menos que o muito de nada, todos são receptores, emissores e porta vozes da verdade.   E nessa “era de ofendidos” pisamos em ovos, quer dizer, temos que viver com o freio na língua em uma imensa castração analítica, onde temos que pensar na fragilidade ou no excesso de sensibilidade do outro como se fosse um transtorno social.   Estamos preocupados em sermos tratados como eternas crianças, carentes de atenção e de colo constante, talvez seja por isso que temos tanta dificuldade em receber um não como resposta.   Vivemos em gôndolas, com um temor terrível em ficarmos pra depois como os últimos a sermos vistos ou pior; de apodrecer até que alguém nos pegue e nos ponha no lixo.  

    22junho 2021
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    EXISTE VIDA SEM FÉ?

    O grande problema é que não tem matéria sobre fé nas escolas, desde que ela venha acompanhada de uma outra matéria adversa de outras: a religião.   Qual o motivo de separarmos a ciência dessa “filosofia” uma vez que ela é parte de uma trindade basilar a qual crescemos sobre ela?   Reforço que este texto não tem o propósito de convencer ninguém a qualquer tipo de religião, aqui, o tema será religiosidade.   No atual mundo em que vivemos, ou nos deixamos esmagar pela realidade, que nos distancia da sensibilidade ao próximo, ou navegamos em mares que nos fazem descobrir camadas cada vez mais profundas de nós mesmos, aquelas em que a luz solar não chega, sabe?   Independentemente de qualquer coisa, ela pode se dar de forma laica ou religiosa.   Por isso insisto, aqui, falo de fé raciocinada, aquela fé que tem embasamento, que não é preconizada pelo fanatismo e por obscuridades que não se enxerga, a fé raciocinada se debruça em fatos e na lógica onde você tem certeza e essa certeza te faz compreender porque todo conhecimento liberta.   A vida possui tantos capítulos inesperados e imprevisíveis, mas se temos algum conhecimento para nos apoiar, a nossa história, ou a próxima página, poderá ser compreendida e mais resiliente, a fé faz isso: ensina, prepara, consola.   Entretanto, por não aprendermos o mecanismo ou o funcionamento dessa fé desde quando se aprende o “abecê”, as diversas amostras de religiosidade que ando vendo por aí não cobririam o pé de um santo sequer, e assim, todos passam frio e muitos buscam se esquentar no egocentrismo ilusório das redes sociais.   Mas como evitar essa hipotermia sentimental? A pergunta mais cabível seria: Você realmente quer sair desse iglu que você criou à sua volta?   Vejo marcas perambulando pelas ruas; indivíduos que passam do seu lado sem virar o pescoço para um olá, como tem passado?   Chafurdados em suas ideologias, tentando persuadir o outro com suas verdades absolutas, vivendo uma absorta contradição: Não dão bom dia, mas não vivem sem os views do Instagram, fazendo qualquer coisa em busca do holofote.   Mas e aquela luz que deveria vir de dentro? Por que tanta competição ou culto em ser desejado apenas fisicamente? Todos os humanos são iguais, mas alguns mais iguais que outros, é isso mesmo?   Por isso a fé é algo tão maneiro, ela não une pessoas, ela unifica propósitos. Ela impacta e contagia quem quer ser “infectado” por ela, simples assim.   Entretanto, e para tudo existe um tanto, a fé precisa vir do coração; religiosidade que não fala ao coração, morre na cabeça.

    15julho 2020
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    DIA DO HOMEM

    Quando ouço a palavra "homem" me remeto diretamente a virilidade, mas não a virilidade dessa cultura falocêntrica que todos insistem em valorizar, inclusive o sexo oposto. Me refiro a virilidade incomum, que poucos a usam e que tantos poucos a enobrecem: a virilidade moral, o manuseio apropriado de suas ações e de seus neurônios, a busca pelo equilíbrio entre o físico e o espiritual, entre o medido e o desmedido, entre a coragem de se enfrentar e a comodidade em não se aceitar... Virilidade moral para muitos é tão desconhecido quanto a atmosfera de Marte, e tão desconcertante quanto relembrar os catetos da hipotenusa, by the way, tem muito homem por aí (ou seria macho?) cuja as atitudes primitivas, a postura crassa e o pensamento reducionista são tão idênticos quanto um triângulo equilátero. Uma coisa é certa: Sempre existirá o homem e o macho e sempre haverá demanda para ambos (anos de terapia podem explicar a frase). Mas e o machismo? O machismo é inato dentro de nós, mas ele pode se tornar um apêndice a ser extirpado, basta demolir certas patologias sociais. Basta entender que a "vagaba" e o "pegador" são tão iguais e inadequados quanto a "vagaba" e o "pegador". Que não há motivo de deboche nas pausas dramáticas de um homem, ninguém aqui veio com super poderes, o choro é livre e bonito. Que se uma mulher estiver bêbada significa que ela está bêbada e não que vai dar pra você! Castração analítica é ambivalente, se serve para você que ofendeu uma mulher trânsito, servirá para a sua irmã que também foi ofendida no trânsito. Na verdade, machismo e feminismo dependem de tolerância, senão vira antítese gramatical e social. Precisamos enxergar além do casulo. Inexiste homem perfeito, mas o homem ideal poderia dar valor também a outros tipos de suplementos, tais como: Indulgência, resiliência, tolerância, coletivismo... Triste é ver que nós homens (ou muito de nós) não ultrapassam a zona cômoda do modismo porque preferem deixar tudo como está e é aí que mora o problema: a prioridade incorreta das nossas reflexões. Aceitar-se que é imperfeito já seria um bom começo para buscar a perfeição, mesmo que ele só exista nos contos de fada.    

    30abril 2019
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    SERÁ QUE A GENTE MUDA?

    A genética é incrível, principalmente quando se trata de mudanças. A metamorfose é uma delas! Escrita no Templo de Delfus na Grécia antiga, Sócrates foi o primeiro bípede pensante a tentar decifrar e alertar que a metamorfose não se aplica somente ao reino animal, e dói tanto quanto para nós! Já imaginou a dor de uma lagarta entrando em sua crisálida e depois saindo como uma borboleta? As meigas joaninhas também passam pelo mesmo processo, abelhas passam, gafanhotos e mamíferos também. Se você almeja "voar" conscientize-se de que antes você passará pela dor da mudança. Para mudar, precisamos entender os efeitos da fotossíntese e a aprender com uma outra classe existencial, a das plantas. O reino vegetal nos ensina de forma simples que o que formula uma parte da nossa inteligência e existência é o fato de assimilar experiências e ensinamentos vida afora. De forma prática, a fotossíntese é definida como um processo em que a energia solar é capturada e as moléculas orgânicas são produzidas, ou seja, as plantas absorvem energia solar e a transformam para produção de seu próprio alimento. De forma simples, podemos entender que a planta retira gás carbônico do ar e energia do Sol. A metáfora/metamorfose é bem simples na escrita: O que estamos absorvendo do próximo? O que aprendemos das nossas falhas? Estamos aprendendo com o "gás carbônico" das pessoas ou estamos jogando pra dentro dos nossos pulmões sem propósito de cura ou de lição? E a energia? Estamos filtrando o que pode nos auxiliar em nosso longínquo e doloroso processo evolutivo? Somos Sóis! Mas insistimos tanto em sermos um buraco negro, engolindo a luz dos outros, ao invés de refleti-la e iluminar galáxias. Se somos uma muda, será que uma muda não muda para se tornar uma frondosa árvore cheia de frutos? A natureza, embora silenciosa, é uma encantadora professora! A opção do aprendizado é nossa; podemos rastejar a vida inteira ou voar, a escolha é nossa.

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