Existe um certo prazer, algo digno em brincar com as nossas sensações e escolhas. Vivemos insatisfeitos com o que temos, somos seres insaciáveis vivendo em busca, sempre em busca.
Adoramos sentir falta!
Tratamos nossa saudade de forma clandestina, uma espécie de lavagem de dinheiro no quintal dos fundos. A gente finge que nada está acontecendo, mas por dentro tá tudo dando cambalhotas…
Temos libido pela saudade, adoramos a incerteza da presença e o retorno da ausência, isso porque o ser humano aprendeu que exercitar a ausência é uma ótima terapia para quem se fez presente.
A saudade que sentimos não aceita dinheiro a vista, gostamos de parcelar nossas vontades em longas e extenuantes prestações.
E assim jogamos nossas sensações mais profundas no cativeiro… Deixamos ela lá, passando fome e vontade.
Vontades.
Quem nunca passou perto da rua de uma ausência e não sentiu vontade de enviar um whattsapp?
Quem nunca sentiu essa ausência na sala de um cinema? Na mesa daquele bar de esquina? Ao ouvir uma música numa rádio qualquer?
A saudade é irresistível e nos oferta algo que chega quase a suprir a nossa necessidade de deixa-la no anonimato: a coragem.
Nos falta coragem para enviar o whattsapp, para ligar para a pessoa quando a música tocar, nos falta à apresentação da peça, e ficamos – por assim dizer – no ensaio.
O sofrimento é o cinto de segurança da ousadia, entretanto, numa ordem inversa de conceitos, aqui ele não nos protege, nos impede de arriscar, de ver pra crer, de saber o que aconteceria se tivéssemos mandando uma simples mensagem ou feito uma despretensiosa ligação.
A dedução é a musa inspiradora da imaginação e prima de 1º grau da frustração. As oportunidades transcorrem – inúmeras – e a nossa curiosidade insiste em nos assombrar…
Será que não vale a pena pensar com mais atrevimento da próxima vez ao invés de imaginar como seria?
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