seprator

Desnivelamento

seprator
26abril 2018
blog_shape

Temido durante anos, o monstro de Frankenstein infligia respeito aproveitando-se da sua horrenda aparência, todavia, ela só poderia ser vista se algum morador curioso abandonasse o vilarejo para se arriscar no alto das colinas.

O tempo passou, o crescimento chegou e com ele a construção civil e suas promessas transformando todo aquele vilarejo em concreto…

Passaram-se mais um tanto de tempo e a construção civil, que já não era mais novidade alguma, deu vazão a construção viril. Isso mesmo, o homem – ser pretensiosamente racional – confundiu virilidade com vaidade, amor com mediocridade e com isso, desencadeou a indiferença globalizada.

Aliado ao crescimento de inúmeras possibilidades culturais, as redes sociais e ao smartphone, criamos uma nova linguagem comumente usada pela sociedade de “é o que tem pra hoje”.

Colocamos nossa fragilidade e o medo em se expor devidamente aquecidos num local seguro, entretanto, descongelamos o vírus nocivo da harmonia: o desnivelamento.

Sim, descongelamos porque ele sempre habitou a humanidade, só precisava ter os seus 15 minutos de fama. O que agravou a situação foi que – novamente – o homem – ser pretensiosamente inteligente – fez questão de dar o papel principal do espetáculo ao desapego, tornando-o um popstar dos palcos e foco constante dos holofotes, dirigido e coproduzido pela Sra Vaidade.

Quem dera o desapego fosse apenas um delírio outrora cultivado na época do “esconde- esconde” e do pogoball.

Mas onde surgiu este tal de desapego? A massa e a sociedade “wanna be” adoram levantar a sua bandeira por meio de banners e frases “a la Chatice Lispector”. Mas onde surgiu esta modalidade superpop?

Vaidade, desapego, desnivelamento. Palavras que são expurgadas por poucos seres, tão poucos que dariam para remontar o vilarejo mencionado no prefácio deste pequeno texto proveniente de uma insônia repentina.

Um dado hilário diante de toda essa interseção de oportunidades é que trocamos o desapego pelo apego nos momentos impróprios: Nos apegamos quando nos sentimos culpados e nos desapegamos quando somos cobrados.

Não se apegue!

E também não ponha a culpa no pobre cupido. Como que a sua flecha perfuraria o escudo de aço que você criou para se defender do receio em ser feliz?

A maneira mais digesta de encará-lo é pensar que o desapego é um indulto obrigatório, um mal necessário… Pense nas coisas ridículas como Controlar, IPTU, IPVA. Amortiza a incompreensão.

Incapazes ou não, desaprendemos, e não sobra mais paciência para novas catequeses. Viramos CDF nas ciências exatas, mas no fundo preferiríamos a inexatidão das humanas. Erramos na matrícula!

E como todo processo acadêmico implica em escolhas, resta pensar na bifurcação das nossas renúncias:

As pessoas não permitem mais a idealização de algo eterno acreditando que é possível “ser pra sempre.”

Ou:

Tem situações que não te servem; até você ser maduro o suficiente para compreendê-las.

Leave a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social

shape
Copyright © Leitura Cura 2018. Todos os direitos reservados