ADUBOS RACIONAIS
Em breve, seremos adubos metidos a besta!
Me impressiona a prepotência humana: Irrefutavelmente seremos pó e depois adubo para micro-organismos insignificantes, mas que aguardam pacientemente o dia que passaremos da constelação para a cova.
Constelação porque muitos creem que são maiores (ou mais importantes) que seu corpanzil físico a ponto de acharem legítimo apenas as suas convicções e pensamentos, em uma espécie de grandeza hiperbólica e hedonista.
Palpitam veementemente na vida alheia, estipulam regras, são mestres em arquivar mágoa e relembrar ressentimentos, veteranos egoístas até mesmo em dar passagem no trânsito e mal educados quando esbarram com outro corpanzil, que talvez seja até mais egocêntrico que o dele.
O mundo dos holofotes nunca esteve tão sem luz quanto agora, me refiro a luz da alma, dos valores intangíveis e não das marcas que você usa ou das viagens que você fez (isso é preço).
Preço é coisa de adubo, por isso Deus determinou nossa jornada existencial na matéria como "nascimento, aprendizado e morte" com tanta sapiência.
Já imaginou se fôssemos eternos em nossa ignorância?
FÉRIAS PRA ELAS? JAMAIS!
A oportunidade em conquistá-la foi única e passou velozmente, como num piscar de olhos e quando me vi, já caminhava de mãos dadas. Moral da história: Jamais dê férias as suas pálpebras.
QUANTO TEMPO VIVE UMA BORBOLETA?
Algumas espécies (grande maioria) vivem durante duas a quatro semanas, o suficiente para cumprir a sua missão; alimentar-se e procriar a espécie.
Sim, elas não perdem tempo, como diz o dito popular atual, vão lá e fazem, tá pago!
Pasmem, tem espécie que sobrevive a míseras 24 horas. Míseras? Não! Depende do propósito; uma minhoca não sofre de depressão por ser uma minhoca, ela simplesmente o é! Assim como um preá, um cavalo marinho ou uma pulga.
Qual a graça que se vê num caramujo? Talvez você nunca tenha reparado nesse molusco, mas algo nos serve de aprendizado: a pressa não faz parte do seu cotidiano, e mesmo assim, ele cumprirá sua missão.
O sentido da vida só faz sentido quando entendemos que a direção é muito mais importante que a velocidade. "Pensar curto" é reduzir o ângulo de visão e limitar toda a nossa complexidade, a nossa perseverança e a nossa fé acerca da nossa existência.
Embora alguns ignorem, somos dotados de um cérebro super complexo, recheado de emoções, recordações, sensações, dentro de uma estrutura social criada por nós extremamente intricada e detalhista, na qual criamos milhares de motivos para ir além de uma simples existência, porém, nem sempre efetiva em seu objetivo.
Ninguém quer ser simples, qual seria a graça de ter uma vida sem preocupações, sem ambição, sem planos e metas?
Será que a consciência da morte nos faz sermos apressados? Saber que um dia deixaremos de acordar, reclamar, suspirar, transpirar, gritar, vibrar nos faz seres ansiosos interpelando etapas e vivendo a passos largos?
Inventamos problemas, criamos complicações, queremos sempre mais do que merecemos, reclamamos do que não temos e invejamos membros da própria espécie.
Já imaginou se os membros de clãs formados por leões, lobos e hienas tivessem inveja um do outro?
Eles sobrevivem porque vivem do necessário e compartilham desse necessário fazendo com que todos do grupo se sintam necessários.
É difícil viver? Vou viver o tempo necessário para ser necessário e cumprir a minha missão?
O mundo natural está repleto de exemplos enriquecedores: Algumas espécies vivem por horas, dias ou semanas, enquanto que outras vivem por anos, décadas...
Entretanto, nenhum animal de nenhuma espécie sofre de crise existencial; eles nascem e cumprem sua missão, sem perder tempo com besteiras.
Pense melhor ao ver um caramujo ou uma borboleta; a vida só é medíocre para aqueles que apequenam a sua grandiosidade.
O TEMPO… E O ESPAÇO
VOCÊ É UM HAMSTER?
Sou fã de Bauman, o sociólogo polonês que decodificou nossa geração como a "modernidade líquida"; um mundo rápido feito miojo, mas sem a criatividade de um Neston, lembra? Mil maneiras de se preparar.
De fato, falta preparo para uma significativa quantidade. Parece que saíram de uma gigantesca lata de sardinha, todas enfileiradas, mesmo tamanho, mesmo odor, mesmo peso, porém, rejeitando sua própria condição, reclamando das ações e "pensamentos" da sardinha que está grudada à frente e da que está grudada atrás, sem saber que o fim será o mesmo para todos.
Quer dizer então que seremos comidos? Num sentido biológico? Sim, pelos vermes, mas num sentido intelectual, moral, espiritual e ético somos a personificação da síndrome de Lesch-Nyhan (a síndrome do auto-canibalismo).
Como sardinha não pensa e o julgo de valor não compensa, aqui mudo o "dial literário" e te pergunto:
Você é um Hamster?
Tuas ideias estão encarceradas em uma gaiola? Teus movimentos se resumem a correr dentro de uma esfera incansavelmente sem sair do lugar? É domesticado? Se condicionou a viver do suficiente?
O hamster é um dos animais de estimação mais indicados para crianças (perceba: Você = adulto, indicado para uma criança brincar). Ocupam um pequeno espaço na casa (perceba: Você = insignificante, ocupando um pequeno lugar na casa, vulgo mundo). Chamam a atenção das crianças pela forma que brincam e se manifestam (perceba: Você, carente, tentando atrair os holofotes da preocupação de uma criança).
Em tempo: A tradução de "criança" é tema livre!
Por fim, um hamster não possui a cognição de coerência e de lógica que um ser humano disponibiliza, este é o grande perigo e está é a sutil diferença entre um hamster e você:
O hasmter acorda todos os dias sem saber que irá ser comido por vermes, graças a isso e graças a sua ausência de inteligência, ele não faz questão de não ser o que foi designado a ser. A sutil diferença eu já falei, quer saber o grande perigo? Sobrevive de reparo quem não vive de preparo. Por um Facebook com mais queijo, mais faro e menos rodinha de metal.O TEMPO DOS MOMENTOS TANGÍVEIS
Não permita que o tempo destrua o seu tempo.
A era da paixão entre os dedos e o teclado nos oferta um mundo infindável de conteúdo e conhecimento, mas irei dissertar sobre o ônus dessa tendência que virou rotina.
Na era em que sorrisos viraram emojis, diálogos se transformaram em comentários e calor humano passou a ser expressado em likes, corremos apressadamente contra o tempo para cumprirmos com as nossas obrigações, sem notar que lutamos para ganhar alguns minutos ou horas perdendo um tempo precioso: O tempo dos momentos tangíveis.
Momentos tangíveis que são catalogados em três estados:
As coisas palpáveis, habitadas na prateleira e que depois de um tempo passam a ser tocadas somente para a remoção de poeira, eu chamo de recordação.
Os cenários por onde passamos - deixando um pouco de nós e levando o muito de outros - eu chamo de lembrança.
Aquilo que possui múltiplos significados e que dão sentido ao próprio sentido revelando os mais legítimos e autênticos sentimentos, eu chamo de memória.
Nada permanece permanente no tempo; a memória sim!
Muda-se a cor dos cabelos, muda-se de cep, muda-se o formato das nossas roupas e o seu tamanho, muda-se de emprego, de geladeira, de escova de dentes, mas a memória, jamais!
Memória e sentimento são irmãs gêmeas; impossível pensar em uma sem deixar de sentir a outra, mas como todo parentesco, se não houver a manutenção do carinho, o descaso potencializa o litígio.
Pense comigo: Certas justificativas deveriam ser injustificáveis, uma delas, o "muso inspiracional" dessa crônica: O tempo e a falta dele.
Falta de tempo para caminhar num parque, de se jogar na grama com outra ferramenta imortal que sobrepuja a ação do tempo, a música. Falta de tempo para rever os amigos, para andar de bicicleta, para reviver um brinde ao lado de quem estava com você e que hoje continua com você de mãos dadas com o tempo.
Justificar que falta tempo é ofender a sua falta com o tempo e com você mesmo, porque o tempo vai passar, ele não liga para a sua falta de tempo, mas as oportunidades de recordar lembranças, de reviver memórias, de construir novas recordações é interromper com aquilo que nos faz sentir pulsantes, vitais, necessários: a nossa história.
Hoje é dia do irmão e aproveito essa oportunidade para pedir que todos refletissem sobre as justificativas que semeamos diariamente. Quais os frutos que germinarão dessa árvore chamada vida se continuarmos justificando o injustificável?
Que todos nós possamos repensar sobre as nossas atitudes para não termos o impacto daquilo que chamam de arrependimento, mas eu ainda prefiro chamá-lo de memória mal esquecida.
DISTÂNCIA PRÓXIMA
Assim como não se mede distância pelo afastamento, não se pode medir afeto por proximidade. Distância é meio fascínio. Afeto é meio encanto. Sim, alguns sentimentos vão na contramão da pedagogia tradicional e nos apontam para uma fórmula, digamos, não-óbvia, a qual, de fato, a grande massa não enxerga até o momento em que a vida os corrige. Corrigir, que vem da ação de ensinar e de aprender. Nosso mundo é um gigantesco Planeta Escola onde primeiro recebemos a prova para depois recebermos a lição, novamente a pedagogia na contramão da realidade, só precisamos limpar as lentes dos nossos olhos e entender que, às vezes, a única coisa que pode dar sentido a vida são certas coisas não fazerem sentido algum. Nascemos para andar a pé, portanto, pense em, de vez em quando, caminhar na direção contrária, você poderá pegar gosto por demolir certas patologias sociais que estão enfincadas dentro de você!
Escolheu um? Honre e siga em frente!
Os dois lados... Da vida. Casados. Solteiros. Sociopatas. Aglutinadores. Baladeiros. Decididos. Hipócritas. Sinceros. Ao escolher qual lado preferiu optar, faça dele a melhor ferramenta para o seu bem estar espiritual e interior, pois não há nada mais inconveniente e defasado que a inveja...
Obrigado terapia, obrigado!
A terapia é a maneira ocupacional mais eloquente que um indivíduo encontra para se apegar aos apelos da realidade e manter o impulso dos desejos em um cativeiro provisório.
SIM, eu faço terapia! (mais…)
Transição: um mundo de possibilidades!
Tudo é uma transição, não importa a altimetria, a geografia, nem tampouco o guarda-roupa; algumas a gente passa de camisa e blazer, outras de sneaker e camiseta básica, outras a gente segura na mão de quem sempre faz serão por nós, outras tantas passamos sentados numa sala de espera à espera de um diagnóstico positivo (ou negativo, conforme sua interpretação).
Mas existe algo congênere em meio a tantas formas e cenários de uma transição: a coragem!
A ousadia de enfrentar os aclives e declives, a ousadia de ter que mudar até mesmo de cidade se for o caso e a determinação de endossar e defender as tomadas de decisão, mesmo se tiver que enfiar o dedo na tomada para dar aquela despertada na vida.
Nessa vida eu desejo continuar com duas coisas: Saúde e coragem!
Saúde para enfrentar as intempéries do tempo (climático, biológico e cronológico) e a coragem.
Quero chegar ao final dessa jornada voltando a fita da memória, lembrando que não me faltou coragem para um monte de coisas, como:
- Não me contaminar com minhas sombras e fantasmas. - Romper com uma falsa amizade. - Largar uma vida notívaga e limitada me embrenhando num amor de promover suspiros e vida pulsante. - Não me abalar com as críticas da família. - Ter honrado com todos os contratos que assinei, inclusive os que só mencionei. - Não ter feito da vida um jogo de compensações. - Ter me afastado de tudo que era nocivo, menos o chocolate.
Quero, com a implacável chegada da minha hora, lembrar que:
- Não precisei me abandonar para ser alguém por conta de outro alguém. - Deixei-me levar pelo vento ao invés de pessoas metódicas e controladoras. - Tive culhão para pedir as contas de todos os empregos que passei e fui em busca daquilo que me fazia necessário. - Tive dias que não queria ser aquele dia, mas sabia que após mais um por do Sol, viria aquele dia que eu tanto orava e pedia. - O peso dos meus equívocos e das minhas deficiências foram as dietas mais difíceis que tentei e fracassei, tentei e fracassei e continuo tentando...
Quero chegar ao final da minha jornada e ver que lá existe uma ponte e que essa ponte me levará a um outro caminho, com novos cenários, novas travessias e novos suspiros.
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