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Os juros das injúrias

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30abril 2018
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As pessoas precisam se comparar às outras; se faz necessário quando se deixa escapar uma oportunidade promissora de fazer sorrir.

Pagamos caro pelas atitudes impensadas, geridas pelo impulso e pela vontade intrépida de puxar o fio da tomada. Queremos a qualquer custo mudar de estação ou sair de sintonia.

Entramos em uma espécie de hipotermia sentimental.

Não existe nada de impudico no arrependimento. Terreno infértil e hostil para qualquer germinação de sapiência. Nesses casos julgam-se juvenis e infantis os mandamentos do coração; o cérebro aconselha o contrário, porém segue adiante só para ter o gostinho de dizer lá na frente: “Viu? Eu te avisei para não fazer isso!”.

Entretanto, entre o prefácio e o fim de uma história sempre existe o elo de ligação conjecturamente chamado de “meio”… E nesse anestésico e confuso intervalo, um universo de pechinchas se joga diante dos nossos pés do qual eu divido em quatro estágios de ação:

Ocupação: Barganhamos o descontentamento pela quantidade. Saímos em busca de entretenimento e interação. Tudo é válido para corrigir ou ludibriar o estado provisório do sentimento.

Instabilidade: Saudade não é arrependimento, é atrevimento. Tentamos nos envolver e ocupar o espaço de outrem com pessoas não tão notórias, justamente para nos perdoarmos nos defeitos alheios.

Subjeção: Após essa longa viagem à Disneylândia, voltamos à realidade; a temerosa rotina, tão imperdoável quanto à lei da gravidade. Nos confrontamos internamente numa espécie de guerra fria entre a razão e a emoção. O réu ocupando o banco da vítima, a vítima inocentando o acusado, o réu outorgando pelo juiz, enfim… Um emaranhado confuso de ordens e de posicionamento. Resta saber quem é quem nesse balaio todo, o coração e o cérebro trocam de personagem até mesmo na própria cena.

Quietação: Passado a confusão vocacional entre a razão e a emoção, vem à calmaria e o entrelaçamento consensual; ocupamos nossa vida com as desocupações rotineiras, retomamos a paz e a guerra fria entra em recesso temporário – sim – temporário, logo mais voltamos a investir projetando uma resolução e um firmamento amoroso antes da chegada da 3ª idade.

De qualquer forma, antes de outro investimento e, passado essa epopéia de sensações, conflitos e alívios, nos deparamos com uma clarividência indivisível e reveladora:

Não existem réus, culpados ou juízes, somos vítimas de nós mesmos.

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