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O não pelo perdão

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29abril 2018
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Não. Um dos primeiros fonemas que ouvimos assim que a nossa cognição dá as boas vindas em nossas vidas.

Não.

Um minúsculo elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras, entre as condutas e principalmente entre as permissões.

Sim.

O não pela inaceitação. O não pela ilusão do conformismo confortável. O não pelo falseamento das nossas ideologias.

O não pela própria ideologia, desde que ela seja pura e simplesmente um desejo.

Desejo não concebido, não sanado, não saciado é utopia.

O não pela maquiagem social. O não pelas nossas irrealizações projetadas por nossa ideologia de certo ou errado, desde que a ideologia seja uma condição de dominação.

Ideologia. Vou na onda de Karl Mark: “ideologia age mascarando a realidade”.

O não pela vida não pulsante. Vida morna. Vida inativa. Vida cansativa, compassiva demais.

O não pelo esconderijo do romantismo. Pela chancela de um sorriso. Pelo espanto de um gesto bom.

O não pela abstinência de reforma, não de reforma da cozinha, do banheiro ou do escritório. O sim pela reforma interna e – como diz um excelente livro – o sim pela reforma íntima sem martírio.

O não pelo previsível contínuo. O não pelo automatismo. O não pelo pragmatismo porque tudo que é demais enjoa. Seja de kichute no pé, seja de barco, canoa ou iate, a mesma paisagem deixa de ser uma obra prima pra virar quadro de pintor de Avenida Paulista.

O não pelo perdão. O que não conseguiremos executar nessa vida, postergaremos para a próxima, mas devemos entender que um futuro sem o perdão do passado é a estagnação de um presente sem fim.

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