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O amor repousa sobre mim

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26abril 2018
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Como uma criança que pede um mimo, deito-o em meu colo. Como um maltrapilho que vive da gratidão de outras pessoas, eu o recolho e lhe dou o abrigo merecido…

Como um andarilho que vive de passos no asfalto pavimentado da vida, pego em sua mão e lhe guio pelo caminho tortuoso dessa estrada…

Como um escritor perdido nas linhas melancólicas de uma frase escrita, mas não dita, eu lhe recito um verso velado de encantamento e ternura…

E como um romancista preso nas celas do desengano e da amargura, eu apareço repentinamente com as chaves da liberdade entre os dedos para lhe salvar e lhe fazer sonhar novamente…

Hoje somos grandes amigos e profundos confidentes. Sinto-o ofegar dentro de mim e fazer meu coração palpitar quando ouço as canções que ele admira…

Em meu rosto, olhares e sorrisos homenageiam-no com cicatrizes impressas como uma tatuagem eterna, ora alegre, movidas pela perseverança, ora desanimada, por vezes frustrada com o desgaste das tentativas eleitas por ele mesmo…

Hoje pertencemos à mesma família, ás vezes eu sou o irmão mais novo querendo exibir meus aprendizados tolos, ás vezes eu sou a mãe, querendo cuidar de mim mesmo, mas no final das contas ele é sempre o pai dessa relação, ora puxando a minha orelha, ora aplaudindo minhas atitudes aprendidas com ele…

Hoje somos companheiros inseparáveis! Se fizer as malas para viajar, ele já está com a emoção nas mãos. Se eu for correr no parque do Ibirapuera, ele se transforma em uma voz silenciosa e motivacional, por vezes chata e “cricri” também.

Se eu for cair na noite, seja num bar ou em um local cheio de pessoas querendo se divertir, ele incorpora o “irmão mais velho” e já vai me alertando: “Cuidado, não vá se machucar gratuitamente”.

Ele é um amigo que motiva e que me emotiva, do qual transcrevo as mais belas sensações que ele proporciona através de poesias, contos de fadas e crônicas. E nesse universo, juntamos nossas mãos e viajamos infinitamente na calda de um cometa, pelos anéis de saturno. Ele me conta histórias sentado em nuvens para eu sonhar em plumas, plumas do meu travesseiro…

Pela convivência contínua e ininterrupta, é certo dizer que ás vezes (poucas vezes) eu me canso dele. Canso-me por teimá-lo com ele, canso-me por ele deixar os acontecimentos acontecerem sem um aviso prévio, sem me dizer se o momento é de persistência ou de desistência. Ele é um professor carrancudo, severo e antiquado… Mas eu não vivo mais sem sua plenitude!

Antes eu não o conhecia e hoje ele se tornou um agente ativo da minha existência, vivendo em um contrato de coexistência, sem rescisão e sem separação aparente. Um caso eterno com a vida.

Com ele, deixo minha vida acontecer ao acaso, ao sorriso, ao espaço de um descaso, ao segundo de uma emoção, a fração de um suspiro ou a mortalidade imortal de uma companheira.

Por ele vivo a calmaria das primaveras, a passividade do outono, o aconchego do inverno e a agitação do verão… E ele lá… Sempre comigo: Passo a passo, dia a dia, tijolo por tijolo, na construção de mais um sonho e na promessa de mais um amanhã…

Eu posso até dormir na diagonal, só para a cama não parecer vazia. Mas sei que ele estará lá, repousando sobre mim, o meu querido amor sem fim!

 

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