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Invisível irresistível

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26abril 2018
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Quando olho para ela enxergo algo que a visão popular não realiza, ou, pelo menos, demora a realizar…

Ela é uma fotografia executada por Robert Doisneau (quase uma obra de arte) e eu lá, protagonizando a imagem e a circunstância que a própria oferece. São os mistérios que compartilham as imagens; ninguém sabe disso, somente quem está “congelado naquele tempo”.

Fotos: Cenas fundamentais da vida cíclica!

Os flagrantes são básicos, efêmeros e sem complemento, sua satisfação perdura apenas pelo momento da surpresa (que é breve – tempo suficiente das vibrações do coração atingir o cérebro, e só).

Mas isso foi uma simples divagação coloquial, só para poetizar o caminho onde quero chegar.

É gostoso embaralhar a mente ao ver um conjunto de fotografias sintetizando os momentos, no entanto, vejo muito mais vantagem em entrelaçar os olhares, os braços e os lábios mesmo entendendo que essa escolha não se barganha em feira e que não se escolhe “este ou aquele”… Ambos se complementam em uma harmonia desajustada e sem explicações.

O desajuste é o algoz do ansioso e parceiro do compreensivo… Por isso é bom ser descompassado sem ser apressado, mas sempre com a visão apurada.

Recuperando minha infância puxada pela memória, não me lembro uma única vez de sofrer de algum mal visual… Cegueira momentânea só quando entrei em coma alcoólico aos 17 anos…

Miopia? Seletiva, talvez… O fingimento ajuda a enxergar muita coisa.

Astigmatismo? Depende do limite da distância, 15 metros para frente também posso caracterizar como fingimento.

Minha córnea é um louvor!

Sou profundamente apaixonado por ela, muito embora eu nunca tenha enxergado-a na vida… É o típico amor platônico, idealizado apenas por um doce afeto.

Tenho uma relação de admiração esquisita pela minha córnea porque ela me dá campos de visibilidade que vão além do senso comum de apuração, há de se reconhecer tamanha vantagem!

Enxergo a beleza dissimulada dos jovens e os jovens e suas dissimulações. Enxergo o belo não visto pelo feio e o feio não visto pelo belo, pura vaidade minguada.

Enxergo a graciosidade dos gestos feitos justamente para não serem vistos, pura manutenção de cuidado… Enxergo o indesejável, mas para tudo que é execrável eu aciono minha imaginação e esta trata de criar uma caixa preta e jogar tudo que é imprestável dentro dela.

Enxergo muitas coisas, dentre elas, o afluente reconhecido e notado por poucos e catalogado por mim em 3 estágios:

– O que vem de dentro.

– O que sai de dentro.

– O que pensa lá dentro.

Ambos imunes a qualquer força gravitacional, porque ser belo por dentro nunca sai de moda, nunca perde a validade, nunca perde a classe nem a face, e, felizmente para mim, poucos enxergam com tanta maestria e perfeccionismo o invisível.

Enxergue a mulher que caminha ao teu lado!

Não somente pela saia que ela coloca porque sabe que você perderá o rumo… Não somente pela produção nos cabelos, pelas unhas super bem feitas, pelo perfume extasiante e por todos os subterfúgios estéticos e materiais inventados pelo homem…

Enxergue a mulher que existe ao seu lado pelo que ela representa para você justamente quando ela está ausente, isso sim supera qualquer visão.

O invisível é irresistível, basta querer ver!

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