23abril 2018

Eu amo você!

Quando disse que a amava pela primeira vez foi como se tivesse expurgando uma catarse no consultório da terapia, me libertando de uma situação opressora, indo da infelicidade para felicidade em apenas três palavras.

Não hesitei. Não posterguei (um pouco talvez). Não me acanhei… Não pensei duas vezes, eu senti duas vezes.

Passei por uma espécie de reeducação emocional para chegar até aqui.

Eu amo você!

Dito na passividade de um passeio de domingo. Dito na sensibilidade de um café da manhã. Dito no desalento de uma conversa dentro do carro. Dito na quietação de um campo de Azaléas…

Que nada. Isso é filme de sessão da tarde!

O meu “eu amo você” foi dito na tempestade de uma discussão, foi dito no meio do furacão onde precisávamos nos agarrar a algo fixo para não sermos esvoaçados pelo vento. O meu “amo você” foi na agitação mesmo, defronte para o perigo, em face do medo e da fragilidade pela exposição a qual me encontrava.

Me despedi das dúvidas. Me divorciei dos anseios. Me legitimei pela autenticidade. Me ausentei dos questionamentos e agi por conta própria.

Eu amo você!

Frase que entalava na minha garganta e depois escorregava goela abaixo feito criança em parque de diversão. Frase que ludibriosamente me enganava entre o dizer e o não dizer – afinal de contas – se pensamos demais, damos asas às reticências. Se falamos sem pensar, damos liberdade para as interrogações.

Rompi pré requisitos. Descobri minhas compreensões e identifiquei que elas estavam trancafiadas pelas minhas incompreensões, a gente sempre dá um jeito de sabotar o amor e muitas vezes para perceber esta falcatrua, levamos pessoas (não tempo) para descobrir.

Eu amo você!

Os detalhes da discussão eu optei pelo protecionismo do segredo, mas uma coisa eu posso lhes dizer:

Em certos casos, uma discussão é um amor aflorando sua vocação. Um talento nato que temos para defender o que queremos, mesmo entre gritos e ofensas.

Ame – indiscutivelmente em uma discussão – mas ame.