A liberdade de sentir saudade, ou seria a liberdade de sentir vontade?
Saudade e vontade se complementam, mas não se protocolam; não se rotulam porque não podem viver em um círculo vicioso. Aqui o relacionamento possui uma única regra, e não pode ser violada: Saudade e vontade são cíclicas!
Saudade e vontade – assim – untadas na mesma panela podem ofertar um êxtase e uma indigestão ao mesmo tempo. Isso porque cada indivíduo possui um cérebro, um DNA e claro, um paladar diferente…
Saudade e vontade é aquela coisa que faz com que sintamos o que o outro sente naquele momento? Não, isso é empatia.
Somos meros aprendizes diante dela, imaculados novatos aprendendo a voar, entretanto, se amputamos a nossa vontade em sentir a própria vontade de sentir saudade, sucumbimos diante da solidão.
Note:
Solidão, saudade e vontade complementam um quarto de dormir. A solidão é o nosso espelho, a saudade é a nossa penteadeira repleta de cosméticos mirabolantes remoendo nossas memórias de quando desfrutávamos desses acessórios no passado e agora, ofertando uma nova oportunidade a si mesmo.
E a vontade?
Bem, a vontade reflete a arrumação da cama. Enamorados transformam a arrumação da cama em uma verdadeira pintura de Caravaggio, ao passo que pessoas sequeladas por uma saudade mal saem da cama…
Saudade é intervalo. Vontade, recomeço!
Assim como cenas de um próximo capítulo, reavaliamos se o último encontro foi vindouro. Se arrancou suspiros, a saudade vem como um infarto fulminante, se os capítulos anteriores não foram dignos de “audiência”, aqui jaz mais uma alma nos aposentos mofados da solidão. A vontade é um estado intrinsecamente baseado em atitudes e realizações.
Em tempo: “Audiência” aqui é sentimento. É algo imaterial, impalpável, intangível. Provido de boas ações, gracejos e da tenra felicidade de se sentir “mais presente” na presença daquela presença.
Manual de instrução não cabe na vida de ninguém, mas algumas fórmulas até que podem ser bem aproveitadas: Intensidade + realização = saudade x vontade… Mas atenção: O resultado não é uma ciência exata, ele depende somente do teu livre arbítrio.
E se a manutenção em nós é essencial para o crescimento e a vigília individual é fundamental para o nosso amadurecimento, vale adotar uma nova regrinha:
Para a saudade e a realização darem certo, é necessário um desnivelamento do tamanho de uma régua de 30 cm. Se passar disso o ar já fica rarefeito.
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