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Utopia de um encontro

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25julho 2018
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“Ela notou que eu notei que ela notou quando olhei para ela. Saracutiei de um lado para o outro só para passar 2, 3, 4 vezes em frente a ela. Tentei disfarçar o “indisfarsável”, mas ela notou, e já que ela me “anotou” fui tratando de “anotar” o celular dela…”

Três dias depois…

“Será que eu espero mais 20 minutos? Acho que sim, o que são 20 minutos por alguém que pode passar o resto da tua vida ao seu lado?”

Suor escorre… Batimentos cardíacos sobem o pelourinho no ritmo do afoxé…

“Se nós homens ainda nos enroscamos para arrumar uma cama, o que diria então sobre conhecer uma mulher? O discurso tá na ponta da língua, massssssss, quando o vulto dela surge em sua direção juntamente com aquele perfume doce, pronto, da ponta língua para o fundo da goela em segundos.”

A camisa de algodão aponta os primeiros sinais do seu nervosismo com pequenas manchas isoladas de suor.

“Nada de ensaios, porém, eu vim precavido, afinal de contas, se a vida me preparou uma surpresa dessas, por que não preparar os preparativos para essa grande surpresa?”

“Eu não poderia vir de mão abanando feito mulher no verão lutando contra a menopausa… Eu trouxe um presente, claro, um presente…”

“Presente? Será que ela não vai me achar previsível? Mulheres não gostam de caras metódicos… O que eu faço agora com esse presente? Não seria melhor uma lembrancinha?”

A vida é barata e os psicanalistas cobram caro por ela, porém, de que adianta se estabanar?

Esse desespero é plenamente justificável por uma trilogia de acontecimentos:

  1. a) Ele é culto (lê Hemingway). b) Ele é metrosexual (se inova a cada dia). c) Ele é anão (perito em topografia e precisa urgente encontrar uma altimetria).

“Como ela vai me enxergar?”

Olhando verticalmente; avistava cintos, bolsos, braguilhas e barrigas. Olhando para baixo, sua mão suada com o presente que já indagava:

“Vou mostrar a ela que eu sou uma espécie de “criativo espontâneo” e vou dizer que o presente era só para dar as boas vindas a este primeiro encontro.”

Enfim, ela chegou:

Retumbante!

Cabelos soltos ao vento que caberiam facilmente em algum comercial de xampu. Maquiagem sutilmente moderada (tons neutralizados pela bochecha rosada de vergonha) e um lindo scarpin para disfarçar seus 1.45m de altura…

(pausa)

O amor não tem escolhas, mas possui algumas medidas que a própria fita métrica desconhece.

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