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Aula obrigatória da vida

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09maio 2018
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Dizem os mais letrados que ele é um verbo intransitivo – inclusive – foi obra literária em 1927, a qual eu discordo totalmente, pois nesse estado ele não precisaria de um complemento.

Intrigas a parte, eu acho que ele possui uma análise morfológica multifacetada. É verbo (e muitos o verbalizam e só). É adjetivo (e muitos vivem de elogios mesmo). É substantivo (de acordo com as escolhas de cada ser). É vocativo, e provocativo também… É sujeito indeterminado, é sujeito oculto, é pronome, é superlativo, é diminutivo… Entretanto, jamais se esqueça; Amar é uma matéria!

Embora inexista um sistema probatório ou seminarista, ou seja, não é necessária a submissão irrevogável de uma prova para a conclusão ou aptidão da matéria, em contrapartida, o não comparecimento dessas aulas (vulgarmente conhecida como “matar aula”) implicará em severos danos à sua sensibilidade, cognição, maturidade e até mesmo a sua existência.

Todavia, para evitar uma possível (ou várias possíveis reprovações), muitos se afugentam, debandam, se extraditam, ignoram e tentam sobreviver a todo custo sem essa matéria.

Mas ela te encontra, fique tranquilo, ela te encontra!

Te encontra quando o paladar enjoa com rapidez. Te encontra quando você tenta ser falso diante das suas verdades. Te encontra quando a porta está fechada, sem placas de aluga-se, empresta-se ou vende-se. Te encontra quando você evita as perguntas, quando você exclama pretensas certezas e quando você tenta por um ponto final em algo que sempre coexistiu nas reticências…

Mas talvez, o encontro mais ilógico e irracional desse “pega-pega” se dê justamente quando você não quer ser mais achado porque desistiu de procurar. É nesse estágio que ele se ativa, emerge, mostra toda sua força como se estivesse testando suas convicções ao longo de sua existência… Dê a etimologia que você quiser, mas não se esqueça dos adjetivos que o amor possui: teimoso, endiabrado, insistente, pernicioso.

Adjetivos poderosos que, de quebra, rasgam aquele “contratinho banal” que você acordou entre o teu cérebro e o teu coração de “vamos ficar um bom tempo sem envolvimentos sérios”. Lembra?

Você luta, trava um combate diário entre a vontade de se permitir e o desejo de se retrair, mas não rola, ele insiste, perdura e se faz de surdo perante os teus discursos cheios de orgulho que você faz sobre você mesmo nas mesas de bar, na sala de estar ou nas reuniões de família.

No fundo, ele sabe que você está tentando ludibriá-lo com o seu descaso.

Como uma última e derradeira tentativa antes da rendição anunciada, você adota táticas chantagistas de autodepreciação; Diz que não vale a pena, pede pra ele dar uma oportunidade para outra pessoa, diz alguma inverdade, exalta um defeito latente, se vitimiza, diz que sofre de apneia, que não consegue mastigar de boca fechada, que ocupa a cama inteira na hora de dormir mas nada, nada adianta; ele permanece inaudível as suas confissões.

É nessa hora, em que você arremessa a toalha, que ele lhe sorri um sorriso de canto e, de repente, quando menos você espera e – talvez da forma mais inusitada possível – você esbarra com aquela pessoa que também já não esperava mais nada de outra pessoa e pronto: você se convence que ter se empenhado nos estudos realmente valeu a pena.

Que bom que você não abandonou as salas de classe. Ótimo para você que se dedicou prodigiosamente ao estudo do amor, mesmo sabendo que você, eu e ninguém se formará nessa matéria, pelo menos nessa vida, ainda não.

Pelo menos nessa vida você se devotou, se aplicou, se engendrou nas lições, tendo consciência que amar está muito além de querer bem uma pessoa; amar, é querer bem a si mesmo e não fugir nunca de quem sempre estará ao seu lado por toda uma eternidade: você.

Amar é uma matéria fascinante e cheia de surpresas agradáveis, tal qual a de saber que é a única matéria cujo o professor e aluno são a mesma pessoa, basta se propor a aprendê-la.

Permita-se ao estudo!

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